sexta-feira, 9 de julho de 2010

Gaudí e a Natureza

Antoni Placid Gaudí i Cornet nasceu em Reus, Catalunha, na Espanha, em 25 de Junho de 1852 e morre em Barcelona no dia 10 de Junho de 1926 e foi de grande importância para a história da arquitetura.

Para se entender um pouco mais sobre Gaudí, é necessário que entendamos um pouco sobre o Art Nouveau e sua preocupação com a originalidade da forma (umas das suas principais características). Esse estilo teve uma relação direta com a Segunda Revolução Industrial e a exploração de novos materiais como o ferro e o vidro, possibilitou a introdução de novos elementos decorativos com formas delicadas, irregulares e assimétricas, que passam a compor ornamentos internos e fachadas.

“O Art Nouveau adorava a leveza, a sutileza, a transparência e, naturalmente, a sinuosidade.” (PEVSNER, Nikolaus.)

O Art Nouveau destacou as linhas curvas e formas orgânicas inspiradas em elementos da natureza como folhagens e flores com forte tendêndia inovadora e simbolista.

Para Giulio Carlo Argan, o Art Nouveau, do ponto de vista sociológico, é um fenômeno urbano novo, que deveria atender a “necessidade de arte de todos”. Porém, ao mesmo tempo, ele considera o estilo como um “fetiche da mercadoria” influenciado pela indústria baseada em princípios de aceleração do consumo e substituição. Concluindo assim, que o Art Nouveau não é um estilo de caráter popular, mas totalmente burguês e elitizado.

Com o tempo, Gaudí adota uma linguagem escultórica bastante pessoal, criando edifícios inesperados e surrealistas. Sempre buscando inspiração na natureza, ele dá vida às formas abusando de cores e detalhes.




"Desse modo, Gaudí chegou a realizar uma arquitetura plenamente visual, cuja verdadeira estrutura é a arquitetura da imagem; como o material da imagem é a cor, o material de sua construção há de ser a cor, apenas a cor; o restante, cimento, tijolos ou ferro, é apenas o material para suporte. Essa totalidade de explicitação visual, essa busca do conteúdo intrínseco das formas, e não de formas que se adaptem a um conteúdo dado, essa construtividade da imagem, em suma constituem as razões da importância histórica de Gaudí" (ARGAN).


O arquiteto tornou-se famoso por sua ousadia e criatividade, encontradas em suas principais obras como, por exemplo, o Parque Güell, a Sagrada Família e a Casa Millá, todas em Barcelona.
Gaudí, como afirma Joan Bassegoda, observou que muitas das estruturas naturais estão compostas de materiais fibrosos, como a madeira, os ossos, os músculos ou os tendões. Do ponto de vista geométrico, as fibras são linhas retas e as superfícies curvas no espaço compostas de linhas retas definem uma geometria com base em regras, centrada somente em quatro superfícies distintas: a helicóide, a hiperbolóide, a conóide e parabolóide hiperbólica (encontradas no ambiente natural). Gaudí viu essas superfícies na natureza e as transportou para a arquitetura.





Gaudí tinha seu trabalho feito à partir de sua grande observação e interesse pela natureza. Pode-se dizer que era um homem que a idolatrava e a tomava como fonte de inspiração. Devido a tal fato, ele percebeu que a natureza não concebia formas regulares, ou se estas formas existissem, ocorreriam raramente.
Em seus prédios usava muitas formas de plantas, flores e animais na decoração, colocando as formas naturais como elas são na realidade, não as submetendo a formas simétricas ou composições artificiais, criando assim, uma arquitetura extremamente orgânica.





"Se a natureza é um feito do Criador e as formas arquiteturais derivam da natureza, isto significa que o trabalho do Criador estará sendo continuado." Gaudí dizia que Deus continuou sua criação pelo homem e ele tentou ser digno desse importante ato.



Cabe frisar, que Gaudí dimensionava seus prédios de forma integral, fazendo as fundações e estruturas até os mais pequenos detalhes ornamentais, o que o caracterizava como um arquiteto peculiar e único. Todos seus prédios foram detalhadamente estudados e nenhum é similar ao outro.




"Gaudi é um grande arquiteto: perfeitamente a par das tendências da época apesar de seu almejado isolamento, e mesmo mais ousado e livre de preconceitos no léxico formal, na técnica, no abandono do impulso lírico do que Van de Velde ou Victor Horta. Com a inesgotável novidade de suas invenções construtivas e decorativas, ele consegue demonstrar que a linguagem arquitetônica moderna teria possibilidades poéticas bem maiores, se não detivesse a preconceituosa ideologia social e o empenho de manter a criação artística no âmbito do útil" (ARGAN).






BIBLIOGRAFIA

ARGAN, Giulio Carlo. El Arte Moderno 1770-1970. Valencia, Fernando Torres Editor, 1984.


PEVSNER, Nikolaus. Origens da arquitetura moderna e do design. São Paulo, Martins Fontes, 1981.


http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/03.029/739
Acessado: 05/07/2010

http://vitruvio.com.br/revistas/read/arquitextos/04.044/619
Acessado: 05/07/2010

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